Another Day In Paradise - Phil Collins
Noutro dia (cada vez que escrevo esta palavra "noutro" lembro-me do André Pedro que teimou até á última que esta palavra não existia.....vê André, cá nada ela outra vez, ), bom mas estava eu a escrever que há alguns dias atrás senti-me profundamente comovida com uma situação que é cada vez mais comum nas ruas das nossas terras.
Um amigo meu estava a fumar um cigarro depois do seu repasto matinal e vê um rapaz a andar muito devagar, com gorro na cabeça, meias azúis escuras, chinelos de piscina e o fundo de uma garrafa de plástico na mão com algumas moedas, na sua direcção.
O rapaz, (devia ter uns 20 anos?), andou na sua direcção e murmurou algo; o meu amigo ofereceu-lhe um cigarro, mas ele disse que não - "Quero leite", retorquiu;
Estremeci.
Entreolhamo-nos e de imediato, sem falarmos um com o outro convidamos esse rapaz a entrar na pastelaria. A sua reacção foi de surpresa e hesitou entrar num estabelecimento quente e aconchegante como aquele. Após alguns segundos, entrou, meio atordoado e sem saber como agir. Ao balcão, ficou a beber a sua meia de leite com um pãozinho.
Estava com fome. Não estava a fingir que queria dinheiro para droga, cigarros ou qualquer outra coisa - estava com fome.
Ao longe ouvia-se uma música cujo som entoava as primeiras notas natalícias e eu só pensei - como é possível deixarmo-nos levar por pequenos arrufos do dia a dia, dizermos que somos infelizes, que nunca somos ou temos nada, quando há gente ao nosso lado a passar fome?
Quando me virei novamente para ver onde estava o rapaz, já não o vi.
Onde estará agora?