Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Isto hoje tem de ser de rajada.
Foi um dia péssimo.
Péssimo porque, claro, a boa da vossa amiga é daquele género de pessoa que já tinha feito o filme todo....e claro também, acabava bem.
Não aconteceu nadinha disso. Foi uma grande desilusão. A questão é que não tinha de ser desilusão nenhuma, nem tão pouco eu devia ligar a pormenores.... Mas liguei. E amuei. E vim-me embora com as lágrimas nos olhos de raiva por ser assim tão ingénua.
Atei o cabelo, fiz uma trança á pressão e puz-me dentro do meu pijama de cetim cor de caramelo.
Jurei que não vinha para nenhum espaço social, mas é como podem ver, aqui estou eu. Nem a mim sou fiel.
Alguém me disse que o dia ainda não acabou e que poderá acontecer algo de muito bom.
Talvez.
Mas já deixei a ilusão para trás.
Amanhã é um novo dia e lá estarei para o preencher com tudo o que de melhor há em mim.
Contemplo qualquer coisa lá fora e fixo o olhar, como se de um diamante se tratasse.
Não o estou a ver, vejo antes outras imagens distantes e confusas, tal e qual um filme mudo.
As personagens não falam, mas riem, choram, zangam-se andam para trás e para a frente.
Entendemos tudo e não os ouvimos.
Estou noutro mundo.
Naquele onde não poderei estar, mas queria tanto.
Naquele em que tudo está bem...
No mundo da Lua, dirão.
A frase é adequada e não está longe da verdade, mas este meu mundo é mais o mundo da fantasia, onde tudo acaba bem.
Mais ou menos um filme de desenhos animados.
Não enfrento as desilusões diarias com o mundo, zango-me, choro e escondo-me atrás de livros.
Leio até se me esgotarem as forças. Entro na história e sou o personagem principal.
Viajo totalmente pelos vários palcos dessas histórias que apesar de poderem ter um final triste, são histórias.
A vida real é demasiado penosa aos meus olhos.
Não a minha, que até me considero abençoada com tudo o que me rodeia, mas não suporto ver tragédias humanitárias, tiranias e governos corruptos que prejudicam os seus povos.
Crianças a passar fome e sede?
Estaremos mesmo no século XXI?
Poderemos continuar a sorrir, enquanto uma criança morre subnutrida?
Desigualdades existem e perdurarão. Mas todos sem excepção deveriam ter água e alimento diário.
Este texto leva-nos longe em discussões históricas de sobrevivência tribal, conquistas por guerras, o mais forte pelo mais fraco.
Resume-se a nossa criação a este dia a dia de notícias angustiantes?
Somos assim tão egoístas?
Mais vale ler o Tio Patinhas.
Djavan canta e encanta com a sua voz e particularmente com as suas letras.
O vento e as nuvens voltaram, pesarosas, cinzentas e húmidas....perto do mar cai uma leve maresia e o cheiro que paira no ar é acolhedor, apesar de frio. Dá vontade de ir ter com os amigos e conversar ou agarrar nos filhos e aninhá-los, ver um filme e comer pipocas. Salgadas.
Já tiveram a sensação de que o vosso discurso, numa conversa banal, é entendido duma maneira que em nada tem a ver com o que pretendem transmitir?
As metáforas, as analogias, os adjectivos, tudo o que é dito, resvala noutra direcção.
Torna-se um diálogo auto-comandado, ganha pernas e desata a dizer coisas que nem se pensou em falar e que não têm nada a ver com a ideia inicial.
A mim acontece-me quando estou insegura ou quando não quero desiludir o meu interlocutor. Tento sempre agarrar no que é dito e tirar algum sumo, para que não se sinta mal....às vezes abandono mesmo as minhas ideias, vontades, em prol do outro.
Neste preciso momento, já estou eu a contornar a conversa....não queria dizer nada disto.
E tenho a certeza que quem ler isto vai entender tudo errado.
Que grande confusão.
.......
O que eu quero dizer mesmo, é que ás vezes quero dizer uma determinada coisa e, tanto rodeio com analogias e metáforas, que acabo por levar a conversa noutra direcção.
E fico parva com a destreza com que a conversa é alimentada nessa outra direcção.
E fico fula comigo mesmo porque não digo aquilo que quero.
Por isso, é ouvir uma boa música com uma boa letra e interpretá-la cada um á sua maneira.
Usar da subjectividade de cada um.
É um desatino - não me consigo concentrar!
A cabeça está a mil e qualquer formiga a passar me desconcentra.
Quanto mais, olhares alheios, toques acidentais ou palavras sem sentido - fico desnorteada.
Apetece-me ceder e fazer qualquer coisa, mas o tempo diz-me para não usar da minha habitual impulsividade.
E permaneço cinicamente vulgar, incapaz de tomar uma decisão, de dizer qualquer coisa que valha a pena, pareço uma boneca, sem conseguir rir ou chorar naturalmente, sem ser nem deixar ser naturalmente.
Naturalmente que estas questões me afectam e começo mesmo a pensar se não darei em louca, se é que já não estou.
Que, como diz o outro, de génio e de louco, todos temos um pouco!
Vim meia adormecida a conduzir.....entrei na "minha" A5 quase automáticamente, sem me lembrar do que vi atrás.
Deparo-me com 4 zeros....quase sem perceber pensei imediatamente em quatro pessoas e pensei "que zeros!" Era apenas o placard luminoso da auto estrada com as horas - meia noite. Bolas, ando sempre atrasada. E assim é, chego atrasada.
Estes zeros são pessoas, e como pessoas que são, só metem argoladas na vida. "Argoladas" para quem é desprovido de química e criatividade. Estas pessoas são corajosas ao ponto de seguirem livres com as suas vidas, sem "mas" e "sem medos". Serão "zeros"? Em comunidade, sim, claro, são umas nódoas negras das grandes. Mas individualmente? Não, são apenas como todos os outros, com a vantagem de serem eles mesmos e de fazerem o que realmente querem,....o que realmente sentem.
Pena que o zero não exista no Euromilhões!
Viste a lua?
Está quarto crescente.
O céu cheiinho de pequenos pontos de luz...
Hum, e aquela brisa suave, sentiste?
Nada como uma noite quase tropical, em que tudo parece bem, sereno.
Sinto-me bem.
Os sons dos berloques do meu colar, embalam a minha boa disposição e só consigo sorrir. Não é maravilhoso?
Eu, que a meio da tarde estava com uma neura tremenda, decidi pôr o meu mais belo sorriso e pensar tal e qual os brasileiros, "deixa prá lá".
E enchi-me de genica, trabalhei que nem uma condenada e dei também muito trabalho aos outros, que quem pode, pode.
Na estrada vi um anúncio qualquer a uns óculos de sol, que em inglês nos mandava esconder os olhos do sol. Bom, eu sou dessas que escondo os olhos do sol, mas desta lua nunca - tão perfeita que parece desenhada e colocada precisamente onde está.
Ideal para namoriscar.
Ora aqui está uma palavra que últimamente tenho ouvido com alguma frequencia - namoriscar.
Deve ser do sol que, volta e meia, provoca nas pessoas este estado que não é nem deixa de ser.
Ou será que é da Lua?
O dia foi mais do que comprido, parecia mesmo não ter um fim á vista, qual oceano Atlântico!
Entre contagens e mais contagens, entre + e - lá se chega a um resultado.
Pelo meio, o manjar, não dos deuses, claro, que esse fica reservado para outras núpcias, nem o manjar em si é importante, antes a paz e a serenidade do chá e dois dedos de conversa, com o sol a entrever-se pelos toldos. Pernas esticadas, óculos escuros, só me apetecia ficar muito mais tempo e não pensar no tempo. Mas o tempo passou e a rotina invadiu o ar e o espaço que me rodeava.
Mais contagens, códigos, listagens, outros resultados, melhores claro.
Mesmo a sair, detenho-me e fico irritada com o que vejo e mais irritada por ter ficado irritada.
Por fim, vim.
Cansada, abri a janela do carro e olhei para o termómetro, 15 graus...um ventinho frio soprou no meu rosto e simultaneamente pensei: "ainda noutro dia estavam quase 30ºC...o Verão nunca mais chega." Mais umas quantas rotundas e chego a casa....na de Birre pensei em ir até ao Guincho, mas o cansaço foi mais forte e não fui em frente. Voltei para a Guia e estacionei no lugar desocupado da minha rua. Até amanhã.
O almoço já tinha terminado e a mesa estava a ser desocupada pelos pratos e talheres que haviam participado da ingestão daqueles deliciosos manjares.
Olhando pela enorme janela de vidro, viu num ritmo constante e lento o balançar daquelas folhas verdes e frescas da árvore em frente. Aquele ritmo alheou-a daquele lugar, daquele momento, embora com um frenesim de sons surdos nas suas costas.
As gotas eram tão pequenas que não as havia percebido, mas pouco a pouco tornaram-se grossas e numerosas, invadindo a vidraça que, logo logo, ficou inundada dessa chuvinha de Verão. De Verão ou não, o que é certo é que uma camisola polar e um agasalho vieram a calhar. Um sábado daqueles que merecem lareira, som calmo e penumbra, até adormecer......
Há pessoas que sabem que os outros sabem.
E os outros sabem que estas pessoas sabem que eles sabem.
Na grande maioria das vezes não há consequencias....ambos os lados deixam a marinar as ideias, os ideais, as concepções, as ilusões e sobretudo as acções.
Agir é sempre algo bicudo....passo a explicar:
O acto de agir requer não só agilidade, acção motora e impulsionadora, mas também vontade de sair do espaço onde está, vulgo conforto.
Este dito conforto, que não passará certamente de uma rotina mais do que rotineira, mas que é a certeza de muitos...daqueles que já se resignaram há muito e não pretendem...nem sequer lhes passa pela cabeça....a mais pequena ideia......de sair, de gritar, de fugir, a correr para bem longe desse espaço quadrado em que passam os seus dias.
E os seus dias, deixam de ser seus.
São de quem passa ao lado deles, são de quem lhes vende a fruta fresca pela manhã e o pão quentinho para a merenda. "Lá vai ele.....", dirão.
Os seus dias são de quem os vê passar ao largo, numa passada incerta, temente, apenas certa de quem vai apanhar o autocarro das 8 da manhã.
Portantos meus caros, o acto de agir, de abanar com o convencional, de mexer e remexer, não é um acto fácil ou banal, requer umas boas doses de loucura e impulsividade. De coragem.
E essa meus amigos, há muito que deixou de estar no nosso dia a dia, pelo menos nas doses que convinham existir nestes dias: uma coragem libertadora mas justa. Uma coragem sã. Uma coragem liberta de preconceitos e carregada de significados.
A coragem que a maioria não tem.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.