Um
Halldór Laxness escreveu assim:
"....Nas Sagas faz-se uma distinção entre as pessoas e os acontecimentos. Existem heróis e homens pequenos- Existem grandes acontecimentos e pequenas trivialidades. Ou, mais exactamente, os pequenos homens e as pequenas trivialidades nem sequer chegam, preferencialmente, a ser admitidas....Por outro lado, a vida ensinou-me a não fazer distinção entre um herói e um pequeno homem, entre grandes acontecimentos e pequenas trivialidades. Do meu ponto de vista, tanto os homens como os acontecimentos são todos mais ou menos do mesmo tamanho".....
"Por outro lado penso muitas vezes na aritmética e, em particular, num número: o número Um. Mas admito também que seja o número mais incompreensível do mundo. Além desta dimensão particular, conheço apenas mais uma coisa que é sobrenatural, embora possa muito bem ser a realidade que afecta mais profundamente os homens, que é o Tempo. E quando alguém se põe a pensar sobre o estranho lugar que lhe falei, do mundo que é apenas Um, e da sua ligação com a única coisa sobrenatural que conhecemos, o Tempo, então tudo deixa de ser mais alto ou mais baixo de que qualquer outra coisa, ou maior ou mais pequeno.
-Sim, mas contenta-se com isso?.....Se puder fazer algo por uma pessoa que se aproxime de mim, então fico contente....Não estou a dizer que estou sempre absolutamente contente....Eu sei perfeitamente que não sou nada para ninguém. Mas o dedo médio não é mais longo que o mindinho, se os compararmos ambos com o infinito, ou se fecharmos a mão." ...."...muitas pessoas desmontam à minha porta....O que eu posso fazer por elas é segurar-lhes o estribo enquanto montam. Eu considero que a fonte do bem-estar se encontra em não nos inquietarmos com o sítio para onde as outras pessoas vão. Eu sinto-me bem, na medida em que considero que a minha preocupação deve ser ajudar qualquer um a chegar até onde quiser ir."