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Marginal

idéias soltas

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Marginal

Quinhones

Idéias, Memórias, Frases, Textos
30
Jan11

Uma mão cheia de nada

anita
 

 

Rui Veloso é daqueles cantores que me acompanham desde a adolescência....terá começado pelos 17 ou 18 anos....

O primeiro concerto na Praça de Touros de Tomar....semana académica, gritavamos com todas as forças O anel de Rubi....naquela altura queria dizer tudo, os sentimentos estavam ao rubro e havia um mundo por explorar!

 

O mundo está aí, ainda por desbravar mas desprovido daquele encanto que sentia.

Girou depressa demais, este mundo inquietante, surpreendente e fugidío.

 

O tempo vai passando, sinto que agora mais depressa, foge por entre as mãos como água e não o consigo deter.

 

Um mês e tudo na mesma.

Outros meses e tudo na mesma.

 

Hoje, fica-nos a música.

 

Amanhã...quem saberá?

23
Jan11

Lentidão

anita

"Atrasando o correr da sua noite, dividindo-a em diferentes partes separadas umas das outras, a senhora de T. soube imprimir ao escasso lapso de tempo que lhes coubera como que uma pequena arquitectura maravilhosa, como que uma forma. Imprimir forma numa duração, tal é a exigência da beleza, mas também da memória. Porque o que é informe é inapreensível, imemorizável. Conceber o seu encontro como uma forma foi para ambos muito particularmente precioso, visto que a sua noite ficaria sem amanhã e só na lembrança poderia repetir-se.

 

Há um elo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento. Evoquemos uma situação extremamente banal: um homem caminha na rua. De repente, quer lembrar-se de qualquer coisa, mas a lembrança escapa-lhe. Nesse momento, maquinalmente, o homem atrasa o passo. Pelo contrário, alguém que queira esquecer um incidente penoso que acaba de viver acelera sem dar por isso o ritmo da sua marcha como se quisesse afastar-se depresa do que, no tempo, lha está ainda demasiado perto.

 

Na matemática existencial, esta experiência assume a forma de duas equações elementares:

 

              O grau da lentidão é directamente proporcional à intensidade da memória;

              O grau da velocidade é directamente proporcional à intensidade do esquecimento."

 

In A Lentidão, Milan Kundera

 

Esta pequena passagem do livro de Milan Kundera, remete-nos para a palavra Paulatino, Paulatinamente e outras derivações.

Segundo o dicionário, Paulatinamente é um Advérbio

  

pau.la.ti.na.men.te

  1. de modo paulatino
  2. pouco a pouco, devagar, vagarosamente, com lentidão

Tal e qual Saturno que demora 29 anos para dar a volta ao sol e todos as pessoas por ele regidas, para quem acredita nestas coisas.

 

Podia escrever aqui dezenas de frases feitas acerca desta palavra: Devagar se vai ao longe, Tudo o que demora a conquistar sabe melhor, Devagar e sempre, etc, etc.

 

Mas aderi tão bem a esta conjuntura lenta que ajo paulatinamente, diria que beirando a perguiça e não me pronuncio mais acerca deste tema.

 

Por agora.

 

 

 

 

 

21
Jan11

Um novo capítulo

anita

Nem a parker preta queria escrever....

A sala, rectangular, ostentava orgulhosamente 8 quadros espalhados pelas paredes brancas, nuas e sem graça.

O busto da república olhava de soslaio para as proeminentes bandeiras de Portugal e Europa no outro canto da sala....algo desconfiada, diga-se.

 

À nossa frente, a senhora conservadora lia, falava, lia outra vez.

Assenti sempre.

Quando chegou a minha vez de pronunciar algo, proferi um "assim seja" firme mas comovido.

Estava feito.

 

Nostalgicamente, percorri em segundos 10 anos de vida e rapidamente concluí uma frustação sem precedentes, uma sensação de projecto de vida conjunto que nunca o foi.

Não interessa agora os porquês...sabemo-los há anos.

Interessa agora, isso sim, reconstruir as bases de um novo projecto, sustentadas no mais puro sentimento.

Reinventar formas de estar, de ser e de amar.

Porque amar é uma reinvenção diária e eu acredito no amor!

Portanto, se a vida é um livro, então no meu, fechou-se um capítulo.

 

E abre-se outro.

 

Começo agora mesmo a escrever o próximo, sem dramas, rancores ou mágoa.

Com muita vontade de recuperar o meu "eu", alegre, convicto, com garra e cheio de esperança no tal "amanhã melhor"....este, que só eu posso proporcionar a mim mesma.

 

Haveria muitos sítios para o iniciar - escolhi o local mais ocidental da Europa, ou melhor dizendo, perto!

O Guincho!

 

Frio, ventoso, mar verde/azul densos e profundos!

 

Aparentemente sereno, as suas ondas espumavam em vagas ritmadas, soltando pequenos arco-íris que se projectavam no céu.

A areia teimou em dançar com o vento que se intensificou e decidi voltar.

 

Naturezas.

 

Não há igual.

21
Jan11

Nevoeiro

anita

Estava à janela e olhei a lua cercada por um nevoeiro ténue..."amanhã vai chover", pensei.

Ao longe ouvem-se os sons do farol de Santa Marta: o nevoeiro vem mesmo aí!

Durante uns 5 dias que o nevoeiro não largou a Capital e arredores. Sempre que saí de casa de manhã, o cenário repetiu-se - sol, A16, sol, chegava a Algueirão um Nevoeiro cerradíssimo e até Loures me perseguia, sem tréguas. A mim e a todos os alfacinhas, de gema ou sem ela.

O cenário da saída do túnel da CREL e início da descida da Ponte de Loures é tenebroso com nevoeiro - imagino-me sempre num filme mudo onde nada se ouve, apenas o roncar do motor do carro. Claro que como levo sempre a música num nível de decibéis desaconselhado, ouço também a música, mas noutro dia dei-me ao trabalho de a desligar, apenas para ouvir o som do silêncio.

 

 

Poema de Fernando Pessoa - Nevoeiro

 

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.

 

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

 

É a Hora!

  

Mas deixando de parte o nevoeiro romântico, o que aconteceu foi somente isto:

  

O nevoeiro denso e persistente em Lisboa está a suscitar a curiosidade dos cidadãos que já não acreditam no regresso de D. Sebastião. A culpa é, mais uma vez, do anticiclone, cuja crista está mesmo por cima da capital, e da pressão, alta, atmosférica. Junte-se-lhe a presença do Tejo e a ausência de ventos e está encontrada a explicação.

Já lá vão três dias desde que o nevoeiro, persistente e permanente, afecta as regiões de Lisboa e do Alentejo e motivou um "seguimento" especial nos fóruns de meteorologia. A observação feita mostra que "a zona de Lisboa, muito vulnerável ao vento de leste, está sob a influência de uma massa de ar totalmente saturada de humidade que a tornou isolada do meio envolvente, devido à forte capacidade calorífica da água".

O nevoeiro formou-se "depois de uma noite com arrefecimento nocturno". Além do estado de espírito "mais sorumbático", os observadores lembram que "com nevoeiro o aquecimento é quase insignificante". Com a "atmosfera calma e sem vento, o nevoeiro anda por aí a passear lentamente". Um nevoeiro "que provoca mais frio de dia do que na madrugada".

O fenómeno deve-se "a uma conjugação de factores", explica o geógrafo Mário Marques. Um "é a localização do anticiclone, cuja crista tem o núcleo centrado mesmo por cima de Lisboa", adianta o especialista. Uma localização que "permite manter a pressão atmosférica alta e estável". A presença do Tejo "e da bacia hidrográfica potenciam o aumento da humidade, a que se junta a ausência de vento que promova o arrastamento das neblinas", afiança o especialista Uma "conjugação de factores pouco habituais e que contribuem para a permanência do nevoeiro".

E a tendência é para continuar, "embora menos denso à medida que o vento aumente de intensidade", pois este "é um período de alguma variabilidade atmosférica com nevoeiros, geadas e descida das temperaturas e acentuado arrefecimento nocturno".

 

E não, o D. Sebastião não apareceu, meus caros!!!

16
Jan11

"Temporal Passageiro"

anita

"Ela pensa nele, sabe que ainda não o deixou realmente e já sente a sua falta. Sente saudades dos passeios à beira-mar, das conversas que os uniam nos momentos em que estavam juntos e não pensavam se eram só momentos, do tempo que se prolongava à mesa do restaurante que preferiam, das noites de amor em que amanheciam abraçados.

 

Acorda a pensar nele e vai pelo dia fora a recordar-se dele, como uma música de que gosta e não lhe sai da cabeça. Fecha a porta de casa, sem destino certo, e dá por si a percorrer as mesmas ruas, passando pelos mesmos locais onde estiveram os dois tantas vezes que já chamavam seus. Nisto, levanta-se um vento premonitório, uma nuvem negra esconde o céu claro da manhã e começa a chover. De um momento paa o outro, cai um aguaceiro tremendo, a rua transforma-se num rio, a água transborda pelo lancil do passeio, arrasta as esplanadas e espanta os clientes desprevenidos que ainda há pouco aproveitavam o sol daquela manhã de Inverno.

 

Apanhada de surpresa, ela corre a abrigar-se debaixo do toldo de uma loja, que resiste à tempestade, e ali fica, sacudindo as gotas de água antes que lhe ensopem a roupa, esperando que a nuvem se vá. Afunda as mãos nos bolsos do casaco comprido, bate os pés no chão. Tem as botas encharcadas e a bainha das calças de ganga escurecidas da água que pisou, na precipitação da fuga no início da chuva.

 

A poucos metros dela, vê passar um casal que desafia a tormenta debaixo de um frágil guarda-chuva com o padrão da bandeira inglesa, demasiado pequeno para tanta chuva. No entanto, eles marcham a passo certo, descontraidamente, seguindo o seu caminho. A mulher segura o guarda-chuva, usa um chapéu a proteger-lhe a cabeça, leva uma carteira vermelha dependurada; o homem tem o braço por cima dos seus ombros. Debaixo do toldo, ela observa--os com um sentimento nostálgico. Ao fundo, para lá daquele casal, vislumbra a luz do sol que já lhes recorta a silhueta. Também ela, há pouco tempo, percorreu aquela rua abraçada ao seu amor. Mas agora está sozinha, desolada, presa a uma decisão que tomou mas não a satisfaz.

 

A chuva pára, tão depressa como começou, o sol emerge das nuvens, libertado, volta a brilhar e reflecte-se no passeio molhado, fulge na chapa dos carros. No bolso dela, o telemóvel toca, tira-o para fora, vê que é ele, solta um suspiro, sorri, atende, ouve-o dizer tenho saudades tuas, ouve-se dizer eu também e logo começa a contar-lhe, entusiasmada, da chuva que a apanhou de surpresa, um verdadeiro temporal de pouco minutos, diz. E depois, sem mais, continuam a conversar como sempre fizeram e ela, aliviada, pensa na separação como se tivesse sido também e só um temporal passageiro."

 

Por:Tiago Rebelo, Escritor (breveshistorias@hotmail.com)

 

16
Jan11

Uma Família do Pior

anita

Um filme morníssimo, longe de outros filmes protagonizados pelos actores presentes como Barbra Streisand, Robert De Niro ou Dustin Hoffman.

Um filme bem disposto que gira á volta do patriarca, desta feita mais velho e com problemas cardio-vasculares, uma avó ultra moderna, um avó que decidiu aprender a dançar flamenco, um enfermeiro que é convidado a ser a cara de um novo remédio no mercado e um amigo do casal que tem a tatuagem da mulher deste nas costas....uma salada russa, que dá apenas para descontrair.

 

De novo nesta trama, só o facto de todos terem envelhecido bastante, embora mantendo a boa disposição.

Não recomendo nem deixo de recomendar.

16
Jan11

Top Down

anita

 

 

Toda a gente devia ler este livro: profissionais ou não da arte do bem servir, é um livro que nos ensina também, como o sorrir é importante.

Sorrir a servir, sorrir perante adversidades. Faz bem diz a autora. E, sem dúvida, é o melhor remédio.

Não de uma forma jocosa ou pretenciosa perante o que temos à nossa frente. Não!

Sorrir para nós próprios e de nós próprios. Sentimo-nos muito melhor.

Hoje sorri quando li determinada frase.

"Há malta que anda totalmente perdida no tempo e no espaço", pensei.

 

Sorri tu também.

 

14
Jan11

Identidade

anita

"Identidade

 

Preciso ser um outro

para ser eu mesmo

 

Sou grão de rocha

Sou o vento que a desgasta

 

Sou pólen sem insecto

Sou areia sustentando o sexo das árvores

 

Existo onde me desconheço

aguardando pelo meu passado

ansiando a esperança do futuro

 

No mundo que combato morro

no mundo por que luto nasço"

 

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

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