O Ano
Nestes últimos meses, talvez um ano mesmo, tenho feito descobertas espantosas e dignas de registo.
Boas e más, todas fazem parte das nossas entranhas e ossos, alma e tutano.
Fisicamente penosas e prazeirosas;
Emocionalmente um alento ou desilusão para a vida.
Começamos com um afastamento de seres. Só por si mau.
As estradas e caminhos demasiadamente compridos para conseguir chegar aquele sítio certeiro....aquele onde todos querem chegar.
Ilusão de uma aventura.
Foco.
Trabalho sem precendentes.
Só trabalho.
Terei de falar das redes sociais, claro.
No seu auge, manifestei o que quis e o que não quis.
Desfoquei.
Encontrei gente e reencontrei gente maravilhosa.
Pensei eu que maravilhosa, porque na realidade nunca conhecemos ninguém.
E eu, por defeito, acredito em toda a gente.
Verdade custosa de admitir, mas real.
Veredas, passeios, sms, telefonemas, encontros, conversas,....
Alguma cumplicidade, mas nada demais.
Sempre uma frieza distante, medrosa e cobarde.
Começa, recomeça, começa, recomeça...acaba por ser essa a lei da vida, não?
Sim.
Mas não.
Há momentos em que temos de dizer BASTA.
CHEGA!
Mundos diferentes, cabeças diferentes, amores, experiências e vivências muito, mas muitíssimo diferentes.
Beautiful Lie.
O reflexo, meus amigos, é de pura cobardia com o futuro.
Sim, aquele futuro que enganosamente fingimos não existir, dizendo que vivemos um dia de cada vez.
É mentira. É tudo mentira. Foi tudo mentira.
Ninguém vive assim, só os doidos varridos desprovidos de faculdades mentais para almejarem mais qualquer coisita.
Mentira compulsiva.
Desconsideração para com o próximo.
Egoísmo.
Falta de educação.
Andamos insanamente perdidos.
E perdidos ficaremos.
Porque afinal, os castelos de areia foram-se com o mar que tanto gosta de olhar.
Aquele que o sol adora na hora de dormir.
Sim, querido amigo, a vantagem de todas as experiências na vida de cada um é que o são eternamente e com elas viveremos até ao fim dos nossos dias.
Uns ultrapassam, outros pelos vistos não.
Este foi o meu aprendizado e agradeço tê-lo tido.
Não que não o venha a repetir, mas pelo menos já tenho pontos de referência bem nítidos do que é a indiferença para com uma pessoa.
Do que se pode ser (ou será um "não-ser") para um ser próximo.
Fatal, mas não mortal, que mortal não sabemos a hora.
Não me despeço.
A vida encarregar-se-á de mostrar o que tem de ser mostrado e de ditar o que tem de ser vivido.
Sempre pensei assim.
Sempre o pensarei!
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."
Carlos Drummond de Andrade